Foi divulgada nessa manhã uma nova entrevista e ensaio fotográfico estrelando Rita Ora. Para o The Sunday Times Style, a cantora falou sobre algumas polêmicas do passado que rodeiam sua carreira até os dias de hoje. Confira as fotos em nossa galeria e logo abaixo, a tradução exclusiva feita pelo Rita Ora Brasil.



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Pobre Rita. Ela não está se sentindo muito bem. “É por causa de todos esses voos, eu sei”, ela diz, coçando seu nariz. “Pelo menos estou doente depois de toda a loucura e antes de começar tudo de novo, né?”.

São quatro da tarde no dia mais quente do ano e Ora, 27 anos, me disse para encontrá-la na livraria-bar de Electric, seu lugar favorito em Portobello Road em West London. Em menos de uma semana ela foi de Londres para Nova Iorque, para Berlim, para Los Angeles para o Coachella, e de volta para Londres via o sul da França (um compromisso de 24 horas para sua equipe no Grand-Hôtel du Cap-Ferrat). Ela estava de pijamas no caminho de Los Angeles para o Coachella quando ela começou a sentir a enxaqueca rodeando sua cabeça. “Tive que fazer toda a maquiagem no avião porque eu subiria no palco no momento que aterrizássemos. Meus amigos estavam tão cheios de energia e eu do nada me senti ‘Meu Deus, eu estou exausta'”, ela diz, se apoiando num braço de uma cadeira. “De qualquer forma, eu tomei alguns drinques, o que não faz exatamente você se sentir melhor mas ao menos te distrai do quão doente você está se sentindo. Mas eu tento nunca reclamar sobre estar doente. Talvez é porque eu não venho de uma situação financeira muito rica, mas eu tenho a ética de trabalho mais doida. É doida, é assustadora”.

Bem-vindos à força da natureza que é Rita Ora, ou Rita Sahatciu como é seu nome de nascimento, a filha do meio de imigrantes Albaneses vindos do Kosovo para este país em 1991. Sam Taylor-Johnson, que a colocou no paple de Mia, irmã de Christian em Cinquenta Tons, descreve sua presença como “refrescante”, e é verdade — você pode sentir o frescor quando ela entra na sala vestindo um pequeno e preto vestido preto até os joelhos com tênis recém-saídos Prada da caixa. Ela é amigável e mais suave do que parece ao usar essas roupas extravagantes, mas tem uma couraça de ferro por baixo disso tudo. Como Liam Payne brincou uma vez quando eles apareceram no programa matinal de seu amigo Nick Grimshaw na BBC Radio 1: “Você não consegue ferrar com a Rita”. Você pode ver o que ele quis dizer com isso.

“Ele disse isso?”, ela perguntou, depois de tentar decidir se ela quer comer robalo ou mexilhões, e decidindo que vai comer os dois. “Bem, talvez não na esfera de trabalho; Minha marca é meu filho e você não vai conseguir ferrar com ela, eu vou ficar doida. É o jeito que eu sou. Na minha vida pessoal, haha, eu não me importo tanto”.

Com 13 milhões e trezentos mil seguidores no Instagram e um número recorde de hits top 10 por uma artista britânica (sua colaboração com Payne, For You, levou esse número para 12 em Fevereiro), Ora se qualifica como a sua quintessencial estela pop dos dias modernos. Aqui está sua carreira como uma atriz em Hollywood (Cinquenta Tons, Nocaute e o que ainda deve ser lançado, Wonderwell, estrelando a saudosa Carrie Fisher); uma jurada (The X Factor, America’s Next Top Model); uma técnica (The Voice) e colaboradora em tempo integral de marcas (suas associações com a Adidas, DKNY, M&S e Rimmel a levaram a região de 3 milhões de libras em 2016). Isso sem mencionar seu trabalho como embaixadora honorária do Kosovo, ou seu envolvimento em ajudar as vítimas da torre Grenfell, a poucos metros do lugar aonde ela cresceu. “A tia do meu melhor amigo e seus primos viviam lá, eles escaparam com seus filhos mas perderam tudo. Aterrizei de Nova Iorque no dia que aconteceu e fui lá com várias roupas. Espero ter feito o bastante aquele dia”.

Adicione isso à sua exaustante capacidade de festejar e sua movimentada vida pessoal e as pessoas não podem deixar de pensar que existam alguns segredos nisso tudo. Apesar de que seja possível que a fase de sair da Chiltern Firehouse ou Sexy Fish às 4 da manhã toda noite da semana com Cara Delevingne, Ellie Goulding agora seja apenas história. “Digo, eu amo ter um bom momento mas eu não passo dos meus limites nunca mais”, ela diz em seu sotaque meio urbano, meio escola teatral. “Enquanto eu não sair, porque isso é difícil né, dizer ‘OK galera é uma da manhã, eu tô saindo’. Não sou muito boa nisso”.

Estamos aqui para falar sobre sua turnê esgotada e seu novo single, Girls, um viral na vibe de Cyndi Lauper destinado a ser o hino desse verão. Foi extraído de seu mais novo álbum, que deve sair ainda este ano, o sucessor de seu álbum de estreia de 2012, Ora. Há muita espera por esse disco e isso só aconteceu depois de uma pesada batalha judicial contra a Roc Nation, a famosa gravadora de Jay-Z, que a contratou em 2008, quando ela tinha apenas 18 anos. No papel foi um sonho, um contrato de cinco discos, ela tinha acabado de sair da escola de teatro Sylvia Young e ainda fazia shows no pub de seu pai em Kensal Rise. Mas apesar do álbum ter tido um desempenho fenomenal quando foi lançado, ele nunca foi lançado na América e não havia orçamento para uma turnê lá (Ora diz que ela acabou pagando por uma turnê inteira nos Estados Unidos do próprio bolso). O caso acionado por sua equipe legal tentava quebrar o contrato, acusando a Roc Nation em negligenciarem ela a favor de outros artistas e negócios. Roc Nation então contra-processou, mas o caso teve uma solução em 2016.

Ora insiste que a separação foi amigável. “Estou tentando encontrar a palavra certa aqui e talvez isso seja a minha interpretação”, ela diz desse período agora, “mas eu sinto que fui discriminada porque sou uma mulher. Eu quase senti, e talvez seja só a minha interpretação, que eu poderia ter tido uma chance melhor se eu fosse homem”. Ela já se encontrou com Jay-Z e o presidente de sua gravadora, Jay Brown, depois de tudo e “eles disseram oi e foram muito cordiais”. Mas sua gestora completa é agora sua irmã mais velha, Elena. “Pra ser sincera, sempre quis ser um grande nome [não apenas uma cantora pop], esse era meu sonho”, ela diz. “Minha irmã e eu, nós brigamos como doidas o tempo todo, mas estamos muito orgulhosas do que fizemos até o momento”.

Focamos então em sua vida pessoal amigável aos tabloides. Tem uma série de ex-namorados de alto perfil (Rob Kardashian, o baterista do Blink-182 Travis Barker, Ricky Hilfiger, filho de Tommy, o designer da moda), incluindo um término muito público com Calvin Harris em 2014, resultando que o produtor impedisse que ela performasse em público a canção que ele escreveu e produziu para ela, I Will Never Let You Down. “Sim, eu era muito nova sabe”, ela diz com cuidado. “Foi meu topo de perceber pela primeira vez que eu estava arrasando, e eu não quero falar por ele porque estamos numa fase muito boa agora”.

E ela foi ou não a “Becky do cabelo bom” que Beyoncé se refere em Sorry, a música do álbum Lemonade, alegadamente sobre a infidelidade matrimonial de Jay-Z?

“Ei, tudo o que eu quero dizer sobre isso é que, cara, se eu fosse a tal Becky do cabelo bom, eu não deveria ter na verdade cabelo bom? Olha pra isso”, ela puxa um tufo de cabelo da sua testa pra mostrar aonde as extensões começam. “É tudo peruca e extensões. E tipo, Beyoncé? Meu Deus. Ela é a pessoa mais incrível e legal que eu já encontrei em toda essa indústria musical. Não estou dizendo isso a toa. Eu morreria por ela. Ninguém pode dizer nada de errado sobre essa mulher na minha frente. Eu fico emotiva só de falar sobre isso”.

Sobre todas as celebridades que ela é ligada como namorados (Lewis Hamilton, Chris Brown, Justin Bieber, Conor McGregor)? “Olha, eu não me importo de ser um alvo da mídia”, ela diz. “Mas eu acho que as pessoas ficam meio confusas comigo. Os tabloides não entendem que eu talvez possa ser apenas uma pessoa legal que é realmente interessada na vida dos amigos. Eles me veem falando com alguém e vem com histórias como ‘Oh, Rita tá totalmente saindo com esse cara’, o que não é justo e certo. É tão fodida essa perspectiva de que eu estou saindo com esse cara porque estamos nos dando bem. Ei, como seria se esse cara estivesse querendo sair comigo? E quanto a isso? Por que eu tenho que mudar a minha personalidade se essa é a sua perspectiva? Não senhor, não irei fazer isso”.

Ela está namorando com o músico e compositor americano Andrew Watt, 27 anos, que co-escreveu It Ain’t Me, música a qual Ora cantou no Coachella. A música foi inspirada por uma noite que o par teve no Bowery em Nova Iorque há dois anos. “Ele me ligou perguntando o porquê de eu ter dito isso e eu disse que é porque é a verdade!”. Ora faz alusão ao plano dos dois de trabalharem juntos na gravadora nova do namorado, “produzindo outras pessoas, dando a elas uma plataforma, dando apoio a outras incríveis e poderosas mulheres. Esse é o objetivo”.

Apesar de estar muito, muito cedo de falar sobre casamento e filhos, é bom se notar que Ora já congelou seus óvulos (e que ela tem um cachorro, um maltipoo chamado Cher, que é, o que eles dizem, o começo do matrimônio).

Por agora, nossa hora acabou e Ora tem que ir, primeiro para ver um apartamento, e depois para dormir e tentar melhorar dessa enxaqueca. E então tudo recomeça amanhã.